Dor abdominal, diarréias frequentes ou
constipação, gases, e ainda, depressão ou ansiedade? Você pode ter a chamada
Síndrome do Intestino Irritável. Aprenda o que é e o que fazer
para lidar com ela.
A síndrome do intestino irritável é um
distúrbio intestinal funcional comum caracterizada por desconforto abdominal
recorrente e função intestinal anormal. O desconforto freqüentemente se inicia
após a alimentação e desaparece após a evacuação. Os sintomas podem incluir
cólicas, náuseas, distensão abdominal, gases, constipação, diarréia e uma
sensação de evacuação incompleta. Pode estar associado a graus variados de
depressão ou ansiedade.
A causa da síndrome do Intestino Irritável
(SII) não é bem conhecida e, portanto, não se sabe como, a partir de um certo
momento, uma pessoa passa a apresentar os sintomas. No passado, achava-se que o
problema era puramente emocional. Hoje, sabemos que o intestino tem um segundo
cérebro representado por mediadores e um sistema nervoso próprio. Sabemos também
que a região do hipotálamo no cérebro, entre outras funções, é responsável pelo
impulso das emoções e tem ligação direta com o sistema nervoso autônomo
simpático e parassimpático. Sabemos, ainda, que o principal nervo do sistema
parassimpático, o nervo vago, enerva todo o tubo digestivo. Ele estimula a
secreção de ácido, de enzimas, de fatores digestivos e coordena a movimentação
do intestino. Além disso, há cerca de cinco anos, descobriu-se que existem
hormônios e receptores para esses hormônios localizados no tubo digestivo,
similares àqueles encontrados no sistema nervoso central e que são chamados de
encefalinas, por analogia a encéfalo (cérebro). Portanto, o tubo digestivo
possui enervação própria e hormônios que regulam sua motilidade e capacidade de
secretar. Tudo isso nos permite afirmar que existe relação direta entre a emoção
integrada no hipotálamo e a motilidade do intestino.
Os indivíduos com síndrome do intestino
irritável com predomínio de diarréia apresentam mais de três evacuações/dia,
fezes líquidas e/ou pastosas e necessidade urgente de defecar. As evacuações não
costumam ocorrer à noite, durante o sono, ao contrário das diarréias de causa
orgânica. Não há sangue nas fezes (com exceção dos casos de fissura ou
hemorróidas), mas pode haver muco.
Já os com predomínio de constipação (intestino
preso) evacuam menos de três vezes/semana, as fezes são duras e fragmentadas
(fezes em "cíbalos" ou "caprinas"), e realizam esforço excessivo para evacuar
(evacuações laboriosas). A constipação pode durar dias ou semanas e obrigar o
paciente a fazer uso de laxantes em quantidades cada vez maiores, o que a agrava
ainda mais a doença. Dor abdominal acompanha a gravidade da constipação e tende
a aliviar com eliminação de fezes, porém é freqüente a queixa de uma sensação de
evacuação incompleta, o que obriga o paciente a tentar evacuar repetidas
vezes.
A maioria das pessoas com SII comenta sobre
distensão abdominal, eructações e flatulência freqüentes e abundantes. São
sintomas inespecíficos e são atribuídos ao excesso de gás intestinal.
Entretanto, estudos quantitativos do volume gasoso intestinal em pacientes com
SII revelam que a maior parte deles tem volumes normais de gás. Porém, mínimas
distensões intestinais provocadas geram esses sintomas, sugerindo uma diminuição
(congênita ou adquirida) do limiar de tolerância à distensão.
Certos alimentos são mal tolerados pelas
pessoas com SII. A confecção de um diário alimentar correlacionando sintomas com
os alimentos ingeridos previamente pode ser capaz de detectar alimentos
desencadeantes.
Algumas pessoas têm uma tolerância diminuída ao
leite e derivados o que pode desencadear a diarréia. Para essas pessoas a
diminuição da ingestão desses alimentos pode melhorar os sintomas. O uso de
bebidas gaseificadas pode levar gás aos intestinos e causar dor abdominal.
Comer ou beber rapidamente, mascar chicletes,
fumar, inspirar ar pela boca quando nervoso pode levar a algumas pessoas a
engolir grandes quantidades de ar, os gases também podem ser produzidos por
certos alimentos como feijões, cebolas, brócolis, repolho, uva e ameixa. Comer
mais lentamente ou minimizar os alimentos formadores de gases pode ser
útil.
Uma vez que a cafeína pode aumentar a
motilidade intestinal, as pessoas com a síndrome deveriam evitar ou minimizar o
uso de bebidas que contém cafeína como o café e colas cafeínadas.
Por outro lado, aumentar o conteúdo de fibras
na dieta pode ajudar a regular a atividade intestinal e reduzir tanto a
constipação como a diarréia. Mas atenção!! Fibras solúveis são as que formam e
compactam o bolo fecal. Normalmente, são encontradas em polpas de frutas e em
alguns cereais. Já as insolúveis formam o bolo fecal, mas não têm o poder de
compactá-lo. Funcionam mais como laxante e estão presentes nas cascas das frutas
e de cereais e em todas as verduras. De acordo com a tendência a apresentar
constipação ou diarréia, os portadores da síndrome do intestino irritável serão
orientados a ingerir mais fibras solúveis ou mais fibras insolúveis.
Se fontes modificáveis de estresse podem ser
descobertas, resolvê-las pode ajudar. Exercícios regulares também podem ajudar a
normalizar a função intestinal. E não despreze o benefício que a psicoterapia e
outras técnicas terapêuticas (relaxamento, por exemplo) podem trazer aos
portadores da síndrome.
Então, se você sente algo parecido procure
um médico especialista já. Não é necessário conviver com esses
sintomas.